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Dulcina de Moraes |
Num tempo em que precisamos voltar a conhecer nossas origens, para que a Arte realmente seja entendida em sua plenitude.
A carreira artística precisa relembrar os grandes nomes que lutaram com todas as suas forças para profissionalizar uma carreira que, infelizmente, é muito marginalizada e vista como algo muito fácil. Mas que na verdade é cheia de percalços e dificuldades.
Entre grandes nomes, com certeza temos que lembrar da Sol das Artes, Dulcina de Moraes. Que dedicou sua vida à luta para a profissionalização da carreira.
Dulcina de Moraes era a terceira geração de atrizes em sua família. Neta de Dulcina de Los Rios Vallina, que era atriz em seu país de origem, Cuba.
Filha de María de la Concepción Álvarez Bernard, conhecida como Conchita de Moraes, também atriz. Dulcina nasceu em Valença, Rio de Janeiro, em 03 de fevereiro de 1908.
Dulcina cresceu no meio artístico, pois os pais eram artistas do teatro mambembe, ou seja, quando o teatro que se fazia no circo.
Com a influencia de seus pais, Dulcina aprendeu a beleza da Arte e amou infinitamente o teatro. Se tornando um dos maiores ícones de sua época.
E como estava inserida no meio artístico desde sempre, Dulcina viu toda a dificuldade enfrentada pelos artistas de sua época. E a dolorosa situação de que para se apresentarem as atrizes tinham que ter carterinha de prostituta e os atores tinham que ter carterinha de gigolô.
Uma vez que a vida no mundo das artes não era vista como carreira, mas como meio de vadiagem.
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O Malho em 26/07/1934 |
Porém Dulcina de Moraes, com seu talento imenso e seu carisma incomparável, se tornou um dos maiores fenômenos do mundo das Artes.
E era extremamente respeitada por todos. E desde cedo Dulcina se engajou em lutar pela valorização da carreira artística e profissionalização de todos que seguissem este caminho.
Trabalhou com Leopoldo Froés, que criou o que hoje se conhece por SATED, mas naquela época era uma organização que se prestava a dar assistência aos artistas, mas não figurava como sindicato.
Com uma energia imensa e sempre se desafiando Dulcina conquistou seu lugar dentro do cenário artístico, sempre se mantendo no topo e amada por todos que a conheciam.
Dulcina casou seu com Odilon Azevedo em 1930 e decidiu que precisava conhecer o que estava acontecendo no cenário artístico internacional.
Uma mulher extremamente forte e determinada, ela revolucionou o teatro em sua época. Foi Dulcina de Moraes quem tirou o ponto dos espetáculos teatrais, fazendo com que os artistas se dedicassem a decorar textos e construir personagens com maior profundidade.
Inovadora e a frente de seu tempo, Dulcina introduziu a música como um elemento cênico dentro dos espetáculos.
Para Dulcina de Moraes, os artistas precisavam se profissionalizar, estudar, se capacitar.
Também quebrou os padrões da época quando, juntamente com seu marido Odilon Azevedo, fundou a Cia Dulcina-Odilon, onde ela entendeu que a Cia deveria providenciar todo o necessário para os espetáculos, assim teria a liberdade de escolher seu elenco baseado no talento do artista.
Nelson Rodrigues procurou Dulcina de Moraes, oferecendo lhe a peça A Mulher Sem Pecado, porém Dulcina recusou o papel. A razão é que a personagem Lídia não tinha o perfil que Dulcina gostava de interpretar, pois Dulcina sempre se desafiava com as personagens bêbadas e loucas. Se a personagem Lídia tivesse o perfil louco de Olegário, com toda certeza Dulcina teria encarnado a personagem de Nelson Rodrigues.
Dulcina sempre a frente de seu tempo abriu o caminho para Nicete Bruno, Marília Pera, inspirou grandes nomes como Paulo Autran, Fernanda Montenegro.
Mantinha uma amizade intima com Bibi Ferreira, a quem sempre falou de seu grande amor pela arte e pelo teatro.
Corajosamente Dulcina de Moraes fundou a FBT (Fundação Brasileira de Teatro), onde ministrava cursos profissionalizantes para artistas, contando com os maiores artistas da época. A FBT funcionava no prédio onde esta o grande Teatro Dulcina no Rio de Janeiro.
Após a morte de Odilon em 1966, Dulcina decide que a FBT precisava expandir e espalhar a arte. E começa a procurar outro lugar para a transferência. Em 1972, ela transfere a FBT para Brasilia.
Destemida, Dulcina de Moraes, continua sua intensa luta pela valorização da Arte, inspirando grandes mulheres e recebendo apoio de grandes mulheres da época, incluindo a grande Ruth Escobar.
Dulcina explodiu em sucesso em 1933 com o espetáculo Amor. E o sucesso sempre esteve no caminho desta mulher incrível, considerada pelo meio artístico o Sol das Artes.
Um dos maiores sucessos de Dulcina com certeza foi a peça Chuva, onde rendeu até uma apresentação memorável no Municipal do Rio de Janeiro, com a presença do inesquecível Oscarito vivendo a personagem de Dulcina e os dois se encontraram no palco com a mesma personagem.
Podemos dizer que os maiores nomes da Comédia brasileira no mesmo palco, o público se divertiu imensamente.
Com toda certeza deve ter sido mágico, pena que não haviam meios de gravar a peça, seria uma das maiores e mais belas interpretações deixada registrada em todos os tempos do teatro brasileiro.
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Dulcina no Espetáculo A Chuva |
Em 1980, foi inaugurado em Brasilia o Teatro Dulcina. Era amada pelos presidentes de sua época e deles tinha respeito e admiração.
A grande vitória da classe artística veio com a promulgação da lei 6533 de 24 de maio de 1978.
Onde finalmente a classe artística deixou de ser marginalizada e se tornou profissão reconhecida por lei.
Dulcina de Moraes não pode ser esquecida, uma vez que sua luta possibilitou que, atualmente, quem deseja seguir a carreira artistica seja reconhecido como profissional e não tenha que ser humilhado e marginalizado por seguir o mundo das Artes.
E com sua luta que se uniu a muitos outros grandes nomes de sua época, nasceu o SATED como sindicato e se promoveu o avanço da carreira artistica.
Legado de Dulcina de Moraes na carreira artística.
Como atriz
1923 - O Discípulo Amado
1923 - Zuzu
1923 - Travessuras de Berta
1923 - Fogo de Vista
1923 - Viúva dos 500
1924 - As Libélulas do Amor
1925 - As Mulheres Não Querem Alma
1925 - Partida para Citera
1925 - Lua Cheia
1925 - O Pulo do Gato
1925 - A Melhor Aventura
1926 - A Musa do Tango
1926 - A Mulher de César
1926 - O Homem das Cinco e Meia
1927 - Vida e Morte de Santa Teresinha do Menino Jesus
1929 - Chauffeur
1930 - Com Amor não se Brinca
1930 - O Rei dos Piratas
1930 - A Descoberta da América
1930 - O Hotel dos Amores
1930 - O Homem de Fraque Preto
1930 - Amor... Que Praga!
1930 - Felicidade
1930 - Coitado do Xavier
1931 - A Vida É Um Sonho
1931 - Um Tostãozinho de Gente
1931 - Sorrisos de Mulher
1931 - Manhãs de Sol
1931 - Casamento a Yankee
1933 - As Solteironas dos Chapéus Verdes
1933 - Amor
1934 - Ela e Eu
1934 - Canção da Felicidade
1934 - O Último Lord
1934 - A Bela e a Fera
1934 - Fredaine Vai Casar
1934 - Matei!
1934 - Bebezinho de Paris
1935 - O Pássaro que Foge
1935 - No Mundo da Lua
1935 - Lê Bonheur
1935 - Esta Noite ou Nunca
1935 - Mascote
1935 - Alegria de Amar
1935 - Pancada de Amor
1935 - O Nono Mandamento
1936 - Mas, Que Pequena!
1936 - Noites de Carnaval
1937 - Certa Noite em Nova York
1937 - Fontes Luminosas
1938 - A Mentirosa
1938 - O Oficial da Guarda
1938 - A Marquesa de Santos
1938 - Alegria de Amor
1939 - Secretário de Madame
1939 - Senhorita Minha Mãe
1939 - Grã-Fina
1939 - Cara ou Coroa
1939 - Zazá
1939 - Uma Mulher Livre
1939 - Experiência de Amor
1939 - A Voz Humana
1939 - Conflito
1940 - Sinhá Moça Chorou
1941 - Os Homens Preferem as Viúvas
1941 - As Loucuras de Madame Vidal
1941 - Sinfonia Inacabada
1941 - Nunca Me Deixarás
1941 - A Comédia do Coração
1941 - Alvorada
1942 - Pigmalião
1942 - A Mulher Inatingível
1942 - Do Mundo Nada Se Leva
1943 - Delírio
1943 - Uma Mulher do Outro Mundo
1943 - Os Maridos de Vitória
1944 - César e Cleopatra
1944 - Santa Joana
1944 - Bodas de Sangue
1944 - Anfitrião 38
1944 - Convite à Vida
1944 - Deslumbramento
1945 - Rainha Vitória
1945 - O Pirata
1945 - Chuva
1945 - Sereia Louca
1946 - Avatar
1946 - Ana Christie
1947 - A Filha de Iório
1948 - Já É Manhã no Mar
1948 - Águia de Duas Cabeças
1948 - A Família e a Festa na Roça
1948 - Dona do Mundo
1948 - Mulheres
1949 - Nossa Querida Gilda
1949 - Sorriso de Gioconda
1949 - O Bar do Crepúsculo
1949 - As Solteironas dos Chapéus Verdes
1949 - Anita Garibaldi
1950 - Loucuras de Madame Vidal
1950 - Chuva
1951 - A Doce Inimiga
1952 - Vivendo em Pecado
1953 - O Imperador Galante
1954 - O Homem da Minha Vida
1954 - Helena de Tróia
1954 - Figueira do Inferno
1955 - Porto Alegre RS - Leonora
1959 - Tia Mame
1963 - Tchin-Tchin
1963 - Os Sábios se Divertem
1963 - Oito Mulheres
1965 - Vamos Brincar de Amor em Cabo Frio
1965 - O Noviço
1967 - O Inspetor Geral
1967 - A Ópera dos Três Vinténs
1969 - Catarina... da Russia
1970 - Como É Que Eu Posso Ouvir Você Com a Torneira Aberta?
1971 - Um Vizinho em Nossas Vidas
1972 - Tia Mame (no Teatro Nacional, Sala Martins Penna, em Brasília)
1981 - O Melhor dos Pecados
Como diretora
1923 - O Discípulo Amado
1923 - Viúva dos 500
1924 - As Libélulas do Amor
1925 - As Mulheres Não Querem Alma
1925 - O Pulo do Gato
1925 - A Melhor Aventura
1926 - A Musa do Tango
1929 - Chauffeur
1930 - Amor... Que Praga!
1930 - Coitado do Xavier
1931 - Manhãs de Sol
1933 - As Solteironas dos Chapéus Verdes
1935 - Lê Bonheur
1935 - Mascote
1935 - Alegria de Amar
1935 - Pancada de Amor
1935 - O Nono Mandamento
1936 - Mas, Que Pequena!
1936 - Noites de Carnaval
1937 - Certa Noite em Nova York
1937 - Fontes Luminosas
1938 - A Mentirosa
1938 - O Oficial da Guarda
1938 - A Marquesa de Santos
1938 - Alegria de Amor
1939 - Secretário de Madame
1939 - Senhorita Minha Mãe
1939 - Grã-Fina
1939 - Cara ou Coroa
1939 - Zazá
1939 - Uma Mulher Livre
1939 - Experiência de Amor
1939 - A Voz Humana
1939 - Conflito
1940 - Sinhá Moça Chorou
1941 - Os Homens Preferem as Viúvas
1941 - As Loucuras de Madame Vidal
1941 - Sinfonia Inacabada
1941 - Nunca Me Deixarás
1941 - A Comédia do Coração
1941 - Alvorada
1942 - Pigmalião
1942 - A Mulher Inatingível
1942 - Do Mundo Nada Se Leva
1943 - Delírio
1943 - Uma Mulher do Outro Mundo
1943 - Os Maridos de Vitória
1944 - Santa Joana
1944 - Anfitrião 38
1944 - Convite à Vida
1944 - Deslumbramento
1945 - Rainha Vitória
1945 - O Pirata
1945 - Chuva
1945 - Sereia Louca
1946 - Avatar
1946 - Ana Christie
1947 - A Filha de Iório
1948 - Já É Manhã no Mar
1948 - Chuva
1948 - Águia de Duas Cabeças
1948 - A Família e a Festa na Roça
1948 - Dona do Mundo
1948 - Mulheres
1949 - Nossa Querida Gilda
1949 - Sorriso de Gioconda
1949 - O Bar do Crepúsculo
1949 - As Solteironas dos Chapéus Verdes
1949 - Anita Garibaldi
1950 - As Árvores Morrem em Pé
1950 - Loucuras de Madame Vidal
1951 - A Doce Inimiga
1951 - Ninotchka
1951 - Irene
1953 - O Imperador Galante
1954 - Os Inocentes
1954 - O Homem da Minha Vida
1954 - Helena de Tróia
1954 - Figueira do Inferno
1955 - Porto Alegre RS - Leonora
1958 - O Processo de Jesus
1959 - Tia Mame
1960 - Auto da Compadecida
1960 - A Compadecida
1962 - Tia Mame
1962 - Chuva
1964 - Curitiba PR - Tia Mame
1964 - Você Pode Ser um Assassino
1965 - Curitiba PR - O Noviço
1966 - Senhora da Boca do Lixo
1966 - Senhora na Boca do Lixo
1970 - O Comprador de Fazendas
1971 - Um Vizinho em Nossas Vidas
1972 - Tia Mame (no Teatro Nacional, Sala Martins Penna, em Brasília)
Como produtora
1951 - Ninotchka
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